Três meses passados e o Outono estava no seu pico em Sunlit Tides.
Numa manha, o velho pescador avisa a sua filha que o veleiro onde viajava Salvador está de volta. Marta não tinha recebido mais noticias de Salvador, mas confiava cegamente no silêncio daquele amor. Há palavras que não são necessárias. Ele estava de volta, que mais importa?
Marta espera-o com uma gravidez de 3 meses - pouco se nota, mas usa roupas largas - e um sorriso.
Ao ver o veleiro aproximar-se acena fortemente!
É Guilherme o primeiro a ir ao encontro de Marta.
- O Salvador? - Marta está angustiada.
- Não sei como te diga - Guilherme finge consternação.
- Aconteceu-lhe alguma coisa?
- Morreu num acidente em Nova Iorque...
- Morreu! - exclama Marta estupefacta.
- Uma estupidez...
- Não acredito, não é verdade, ele não pode ter morrido.
- Quando nos deram a noticia, também não acreditamos. Esta viagem tem sido um martírio.
Marta agarra-se aos braços de Guilherme, desesperada:
- Ele não pode ter tido um acidente, não me pode ter deixado, não faz sentido...por amor de Deus, diga-me que ele não morreu...
- Infelizmente para todos nós, morreu, tenho muita pena...
Guilherme vira as costas, deixando Marta a olhar para o mar, que se confunde com as lágrimas que lhe correm pela face.
Marta entra em casa num vale de lágrimas, abraçando o velho pescador.
- Ele morreu, pai.
- Ó minha filha, ó minha querida filha...
- Eu tomo conta desse bebé, como se fosse pai dele.
- Eu sei o que é perder um ente querido...Vais ter um bebé maravilhoso, pensa nele!
Todos os dias da sua gravidez, Marta olha o mar em busca de uma resposta. Mas o silêncio do amor torna-se insuportável.
Grávida de 7 meses, quer atirar-se do Vulcão de Sunlit, para pôr fim a tudo. O seu olhar perde-se na visão do mar. Dali já podia atirar-se...O vulcão, o mar, e o desespero de Marta. Ela amava demais Salvador para ter a criança sem ele.
Era como se o vulcão tivesse espalhado as cinzas do Salvador. Ela e a filha pertenciam àquele pó. Abeira-se mais do precipício decidida a juntar-se ao que julga ser as cinzas de Salvador.
Era como se o vulcão tivesse espalhado as cinzas do Salvador. Ela e a filha pertenciam àquele pó. Abeira-se mais do precipício decidida a juntar-se ao que julga ser as cinzas de Salvador.
O pai surge por trás dela a tempo de a impedir de saltar.
- Marta, Marta!...Marta...Não te atires, Marta! Não faças nenhuma loucura filha.
- Eu quero ir ter com o Salvador...Ele é o pai da minha filha...Olha em volta, pai, é o fim, a morte...
- Não filha...É certo que são as cinzas do vulcão...mas tudo nasceu da lava dos vulcões. Eles foram o começo de tudo. Deste pó nasceu a beleza da nossa ilha...
Augusto põe a mão na barriga de Marta.
- ...como do teu ventre vai nascer uma nova vida, filha de muito amor, filha deste imenso mar. E vai ser bela como as nossas encostas. É a vida que vem aí, filha, a morte já ficou para trás....
Marta abraça-se a Augusto:
- Pai...pai...